Pagã
Amar o que não me foi dado
Sentimento natimorto
Me foi ensinado
Repetido, empurrado
O que vem fácil, fácil também vai
Mas por que implorar pela dor
E não conseguir me deliciar
Com a adoração e a cantiga
Com as mãos e carícias fáceis
Bonitas, tranquilas, cedidas
Perdidas na vastidão do querer
Pois do meu ventre aprendi que o fácil é mau
Que a dor e o martírio somente
Trazem aquilo que é real
Logo eu, pagã
Carrego em meu corpo
O peso da culpa cristã
. e fecho os olhos para aproveitar as carícias fáceis que nunca antes acreditei merecer .